terça-feira, 29 de junho de 2010

Quem inventou o amor? Me explica por favor?

Não sei mais do que se trata esse tal de amor e honestamente desisti de entender. Falei pra melhor amiga que não pode ser amor e ela insistiu em discordar, mesmo sem uma boa teoria. Mas me diz: como pode ser amor se eu sequer tremo? Achei que esse fosse o grande sintoma. Achei que queimar o arroz, encher a comida de sal, caminhar por aí só pra pensar, ouvir aquela música brega, rir sozinha, prestar atenção nos detalhes, consumir a presença, exercitar a imaginação e ativar a memória olfativa fossem NADA perto da tremedeira. O bom não é isso? Sentir o frio na barriga, a ansiedade, querer chorar, gritar, rir... tudo ao mesmo tempo?
A voz dele não me provoca grandes sensações e eu não quero que ele se mude pra minha vida. Pode deixar as malas no corredor. Mas quando ele chega eu fico a implorar: Olha pra mim. Olha pra mim. Olha pra mim. Olha pra mim porque eu estou aqui, esmagada pela sua presença, pedindo pelo teu olhar.
E aí, se ele não olha, se torna amor. Porque o meu amor é assim. É álcool na ferida. Rápido e excruciante. É instantâneo - me arrebata e me deixa na velocidade da luz. Mas se não é amor, o que mais pode ser?

Você que inventou o amor... me explica por favor?

sábado, 19 de junho de 2010

As loucas

Nós, mulheres modernas, somos mesmo loucas. Onde já se viu praticar tanto essa coisa estranha tradicionalmente chamada de “pensar”? Deixa estar, let it be, vá comprar um brilho novo, deixe de ser complexada: é assim que se vive.
Pra que sentir saudade? Sentir saudade é colocar as algemas, é comprar o vestido de casamento. Certas coisas simplesmente não podem ser ditas. Não mande aquela mensagem de texto com um “eu gosto de você”, “eu sinto a sua falta” ou “eu pensei em você hoje”. Só diga isso se você quiser que ele corra like hell. Não, não importa que você sinta isso. Não diga.
Não critique também, críticas são coisa de homem - e de homem importante, daqueles que sobem no palanque, que comentam o jogo de quarta, que sabem qual é a melhor marca de cerveja... Você: nem pense nisso. Apenas sente-se ao lado, ria de tudo, cruze as pernas e jamais, jamais pense em opinar.
Pra que defender o homossexualismo e a liberdade de expressão? Pra que abominar o aborto? Que garota chata! A coleção de inverno da Zara já chegou, a novela está no último capítulo e você deveria estar feliz. Aliás, pra que diabos chorar? É só um filme, é só um livro, é só um susto, é só a vida, é só uma mentira.
Andar de pés descalços, comer o que quer, fazer uma piada, gostar de futebol e sentar no chão também fica estritamente proibido. Jamais aja com espontaneidade. Mulheres são calculadas: calcula-se o peso, o tamanho dos peitos, da bunda, do sorriso e do cérebro. Não dá pra cozinhar, ouvir Matanza e odiar o governo.
Apenas saiba agradar, fingir e gostar de futebol na copa do mundo. Mas só veja os jogos do Brasil. Quando sair um gol, levante-se e comemore. Se não sair, faça a melhor cara de decepcionada que conseguir. Não comente um lance sequer. Não torça pra Itália. Torcer pra Itália é coisa de quem não sabe nada de futebol. É só porque os italianos são bonitos. E não, não importa que eles sejam tetra campões do mundo, que você saiba a escalação e seja capaz de explicar um impedimento. Mulher não torce. Mulher não sabe.
Não seja assim, não seja como eu. Não corra na chuva, não diga o que quer, só vá se estiver arrumada o bastante e, sobretudo, não seja feliz. Os homens teriam medo de você, medo da sua capacidade de criar e pensar, medo de serem envergonhados pelas suas habilidades. Seja boa com eles, se anule. Não se estresse, não seja humana, não se arrisque a ouvir o clássico “é TPM”. Mesmo que seja TPM, não demonstre. Existe pecado maior que se mostrar como realmente é?

Já dizia a minha querida Nicoleta: “Amélia o caramba, nós é que somos mulheres de verdade!"