É apenas mais um corpo em (im)perfeita distância. Desses que passam e só te notam caso a gravidade não contribua, caso o equilíbrio se perca, caso a voz se exalte. Mais um humano cheio de vida que circula todos os dias ao redor, sem nada declarar, apenas rondando, vivendo a própria vida. Protagonista da própria existência.
É alguém que se senta num banco e pensa no dia que você não presenciou e jamais nota a movimentação. Ou ignora. Às vezes sorri. É um par de olhos castanho-esperança, é uma voz que você desconhece, um futuro que você não toca.
Talvez seja um guardião de sonhos promíscuos, certezas impossíveis, crenças improváveis. Algo que impulsione o sorriso de cristal. Nada que se possa conhecer. Nada que movimente o mundo.
Mas é “só”.
Só o que você pede pra ter. Só o que te suga a atenção. Só o que a vida te dá com a certeza do roubo. Um desses roubos ao qual você cede porque jamais iria atrás do ladrão.
É só o que importa quando passa. É só e ainda assim é tudo. Só o seu tudo.