sábado, 20 de junho de 2009

O cara dos dreads


É apenas mais um corpo em (im)perfeita distância. Desses que passam e só te notam caso a gravidade não contribua, caso o equilíbrio se perca, caso a voz se exalte. Mais um humano cheio de vida que circula todos os dias ao redor, sem nada declarar, apenas rondando, vivendo a própria vida. Protagonista da própria existência.

É alguém que se senta num banco e pensa no dia que você não presenciou e jamais nota a movimentação. Ou ignora. Às vezes sorri. É um par de olhos castanho-esperança, é uma voz que você desconhece, um futuro que você não toca.

Talvez seja um guardião de sonhos promíscuos, certezas impossíveis, crenças improváveis. Algo que impulsione o sorriso de cristal. Nada que se possa conhecer. Nada que movimente o mundo.

Mas é “só”.

Só o que você pede pra ter. Só o que te suga a atenção. Só o que a vida te dá com a certeza do roubo. Um desses roubos ao qual você cede porque jamais iria atrás do ladrão.

É só o que importa quando passa. É só e ainda assim é tudo. Só o seu tudo.

domingo, 14 de junho de 2009

Eu queria tomar o meu chá todas as tardes na tua varanda. Queria que o vento trouxesse os dias nublados pro céu. Essa chuva leva tudo pra longe, esse sol ferve o meu o coração.
Eu queria beber do teu vinho sem me embreagar. Queria amar a sobriedade. Queria racionalidade.
Eu queria dizer que o cheiro da madeira fria do quarto lá de cima me entorpece. Queria odiar essas coisas que dão vida e a gente sorri, sabe-se lá pra quê.
Eu queria que as minhas mãos fossem mais firmes, queria acertar o caminho, chegar em casa na hora que planejei.
Eu queria não sentir tanto as tuas pálpedras que se fecham na hora errada. Queria apenas não dizer. Queria usar você.