Sempre me pega de surpresa. Da primeira vez, estava lá com os amigos. Se apresentou e me viu corar em segundos. Nem percebi que tinha dito em alto e bom som:
- O quê? Esse é o teu nome?
Era um nome tão estranho...
Ele riu com tanta calma que parecia querer me abraçar e dizer bem baixinho:
- Tá tudo bem.
Da segunda vez, o vi naquela fila imensa. Meus olhos brilharam forte.
- Olha! Eeeei, olha! Aquele menino parece o Victor Bagy!
E parecia mesmo. Mas não percebi que era o menino do nome estranho. Tiveram que me contar. E aí já não me parecia mais tão conveniente chegar e dizer "oi, como vai?".
Deixei passar.
Da terceira vez, sentou-se ao lado de uma garota. Sentei-me logo atrás e tentei descobrir se era ele por cima dos ombros e pelo reflexo da janela. Quando constatei, senti um frio entre o estômago e o coração. Não entendi o porquê.
Ele sorriu com a mesma calma de sempre, mas não pra mim. Depois colocou as mãos em cima do caderno da menina e explicou o cálculo. Não sei se tudo ficou tão complicado por causa dos números ou por causa do metal no anelar da mão direita.
- Ai!
Doeu. Falei com ele uma só vez e, de repente, doeu. Acho que foi porque o meu nome não estava lá, arranhado no metal polido. Ou porque não era mais eu quem se sentava ao lado. Só sei que me pegou de surpresa, usando o meu tipo de cachecol preferido, e doeu.
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