quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Eu não traio

Infidelidade, disse ele. Fiquei meio assustada. Como assim, Infidelidade? Aquele filme me enche de tédio, como a maioria dos filmes que têm o Richard Gere. Não pode. Dá pra gostar de Flashdance, Lolita, Embalos de Sábado à Noite... Sei lá, qualquer coisa, menos Infidelidade. Mas ele não mudou de ideia, então era isso. Eu estava namorando o cara que gosta de “Infidelidade”.
Prometi assistir de novo e procurar mais sobre o filme no google. Resolvi procurar no google primeiro. Cheguei em casa, abri o notebook e comecei a digitar. Google.com. Enter. Infidelidade. Enter. 540.000 resultados. Na primeira página, artigos psicológicos, uma música interpretada por Caetano Veloso e uma pesquisa curiosa. Do Caetano, eu só gosto de Nosso Estranho Amor. É a música tema de Romance, aquele filme que tem o Wagner Moura. Aquele sim é filme de verdade. Infidelidade nem aparece na primeira página da busca. Mas voltando aos resultados, resolvi ficar com a pesquisa curiosa mesmo.
A pesquisa dizia que os brasileiros são os mais promíscuos e infiéis da América Latina. E por “brasileiros” entenda “brasileiras” também. Que absurdo. Eu nunca pulei a cerca. Minha mãe sempre diz que a gente pode trair até por pensamento, mas eu nem penso nessas coisas. Meu namorado tem um gosto bem ruim, mas é ótimo. Enfim, google me deu fome. Maldita publicidade. Fui à padaria.
No caminho, vi uma menininha birrenta. Ela não tinha os dois dentes da frente e queria um pirulito que vira numa vitrine. A mãe não tinha o dinheiro, pelo jeito. Menina mimada. E depois ainda falam de “lei da palmada”. Me poupe. Em seguida, vi um velho de boina fumando. Ele estava se achando muito francês e o cigarro era um Derby. Andei mais uns passos e vi a vizinha loira do 401. Essa sim tem fama. Dizem que o marido já nem passa mais pela porta por causa dos “galhos”. Ainda bem que eu não traio e nem penso nisso. Quase chegando à padaria, vi um loiro bonito que carregava um Labrador pela calçada. Parecia simpático. Cheguei a parar pra acariciar o cachorro. Pensei em ter um cachorro também, assim nossos cachorros começariam a brincar e nós teríamos que nos olhar e sorrir meio sem graça. Com sorte, a regata dele pararia no meu chão depois disso. Ô, lá em casa. Foi então que ele me deu uma piscadinha. Ai, credo. Ainda bem que eu não traio. Nem penso nessas coisas.



[Aulas sobre crônicas podem ser produtivas. Ou não.]

3 comentários:

CaMi disse...

Eu Gostei =D

Rony disse...

haha, muito legal mesmo, a leitura foi boa

Junkie Careta disse...

Me enganou direitinho.

O mundo acaba de ganhar um acronista de mão cheia.

Muito bom e inteligente.

Parabéns!