Há um tempo atrás eu fui levar o meu contrato na faculdade. Cheguei no escritório estranho da Central de Carreiras e a menina mais simpática do mundo me atendeu. Ela disse que eu podia pegar o tal contrato em três dias úteis, mas precisava levar uma declaração da coordenadora do curso para retirá-lo.
Agora já faz três semanas desde que eu levei o contrato na UP - e eu nunca mais o vi. Até peguei a declaração, mas tomei chuva com ela (sim, eu sou um prodígio), que ficou toda amassada, e aí eu resolvi adiar o dia de pegar o contrato.
Com a declaração eu já tentei de tudo. Passei ferro, coloquei no meio de um livro super pesado, tirei xerox, pensei em pedir outra... Tudo! Mas nada dá certo. Não desamassa e eu não posso mais adiar. Não dá pra esperar. Tem que ser amanhã.
E o que eu quero dizer com tudo isso é que eu acho que você é a minha declaração personificada. Eu, com a minha mania de perfeição, não sei te aceitar. Não sei não pensar que você vive em outro mundo, que está amassado, do outro lado da rua ou qualquer coisa parecida. Já não sei mais nem que metáfora usar. E esse é o problema. Você me rouba até as palavras. Eu queria escrever alguma coisa que te fizesse deixar de ser tão... você. Queria te pedir pra gostar de mim ou simplesmente te desejar uma boa noite e uma boa viagem, mas quando eu abro a droga do editor de textos, sai um texto que começa com "Há um tempo atrás eu fui levar o meu contrato na faculdade". Dá pra ser mais deprimente?
2 comentários:
mais um ótimo texto, gostei demais da comparação, parabéns
Baby, essa foi uma das formas mais originais que já li de alguém dizer "eu te amo". Espero que ele crie juízo e te peça em casamento.
...Já não sei nem que metáfora usar".
Quando se chega a esse ponto, onde o sentimento já não cabe em palavras para vesti-lo, quando ele só aceita a nudez de si mesmo, vc chegou naquele ponto onde só a experiência consegue traduzir.É o próprio Nirvana do poeta.
Ainda chego lá.
Que bom poder comentar por aqui de novo.
Grande abraço
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