Disfarcei, desviei os olhos do olhar acusador do inimigo, pensei nas latas de tinta que foram usadas pra deixar a cor daquela parede tão uniforme. Tentei tirar da mira, da cabeça, do coração, da agenda, e me vi sentada três horas depois, tomando seis drinques antes de encarar o telefone. Fraquejei, tremi, temi e percebi que doía um pouco.
Me causa dor física, tensão, deixa a pressão lá em cima quando não pára de olhar. E eu não posso evitar, mesmo que queira não corar ou correr por aí, repetindo alguma frase banal.
- Ele não. Ele não. Ele não!
Ele não, porque eu sei que pra ele não sou eu. É ela, é mais outra, é aquela lá. Às vezes é uma versão de mim. Alguém muito mais interessante, sem essa expressão de felino rejeitado tatuada no rosto. Alguém que não vaga pela vizinhança. Esse meu eu independente que só existe na memória dele. Perdi o controle.
Marisa Monte cantou, Chico Buarque consentiu e eu não quis aceitar. Meu coração é um músculo involuntário - e ele pulsa por você.
Um comentário:
Caramba! Morri com esse texto!
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