sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

16:11. Pensei em te ligar pra dizer que a minha tarde está um tédio sem você. Ainda bem que não tenho o seu número, porque essa seria uma coisa bem boba de se dizer.

16:36. Escrevi um email. Te convidei pra ir ao cinema, tomar café, vinho, martini, banho, chuva, andar por aí, falar muito, falar nada, dançar alguma coisa lenta pra embalar essa sexta saudosista.

16:42. Salvei na caixa de rascunhos.

16:47. Começou a chover. Achei que você não ia querer ou ia querer demais. Coloquei as mãos e o coração no bolso.

17:52. Te imaginei me encontrando na escada, na rua, na calçada, esbarrando e dizendo oi.

18:00. Te dei meu número. Você ligou.

18:45. Combinamos de ver o meu tédio passar na tela de uma sala de cinema qualquer.

20:12. Deixa estar.

22:22. Ainda bem que eu não tinha o seu número.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Bilhete Virtual

Amizade a gente não agradece
ou
Por um pouco mais de você em mim
ou
Se oriente

Então, olha só, eu sei que você está dormindo como uma adolescente, com os joelhos flexionados, e só faz 40 minutos, mas eu queria te dizer que você me dá vontade de ouvir. Ainda hoje, que por acontecer antes do café da manhã eu chamaria de ontem, tive certeza disso. Me ausentei de mim por dez horas. Tive uma overdose de você. E se você quer saber, não há nada que possa fazer meus olhos, agora cheios de areia, mais felizes. Tenho duas poças roxas de felicidade, o que me leva a crer que o nosso mundo é cor-de-rosa outra vez.
Agora estou indo pro trabalho e está chovendo. Vou te deixar dormir porque estou tentando ser altruísta como você. Aliás, acho que de hoje em diante, só pra variar, eu vou começar a acreditar integralmente em você. Chega de Nietzsche.
Então é isso. Em breve a sua mãe vai me emprestar um guarda-chuva enquanto pergunta sobre a minha vida. Eu, tomando café preto, vou dizer que está tudo bem. Sim, eu, desesperada por atenção, mimada, por tantas vezes irracional, direi que está tudo bem. Então obrigada por me deixar assim, meio fora do meu ego. Agora está tudo bem. E me prometa uma coisa: nunca deixe de acreditar que está tudo bem com você também. Do seu jeito bagunçado e otimista, seja feliz. Em troca eu prometo não tirar mais a tua felicidade da minha vida, muito menos trocá-la por um pouco de inteligência arrogante.

P.S.: Você estava certa. Eu mereço melhor.
P.P.S.: Eu estou certa. Mereço mais de você.
P.P.P.S: Obrigada por me deixar entrar.
P.P.P.P.S.: Não caia do beliche.

Bom dia, B.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011



Mas eu já te falei que sou a maior cilada...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Detalhes

Só percebi que ele ficava bem de suéter caramelo onze meses depois, quando entrei num táxi e ouvi aquela música no rádio. Se você procura por um nome, acredite: eu jamais seria capaz de reproduzi-la e certamente não a encontraria em nenhum dos meus CDs, mas já havia ouvido milhares de vezes. E então, de uma hora pra outra, meu mundo era um filme antigo.
Comecei a me lembrar de coisas que pareciam pertencer à outra vida. Pequenas memórias apareciam e eram interrompidas por novas memórias ansiosas. Minha mente sempre fora indomável. A unica lembrança capaz de roubar o meu foco foi a da mulher traída que conheci na fila do banco. Sua história era triste, pois ela sempre voltava para o marido. Em meio à tapas e infidelidade, ela sempre voltava. E eu, que jamais fui capaz de compreendê-la, questionei e recebi uma resposta dolorosa: o marido ficava mais branquinho quando saía do banho.
É simplesmente assim. São os detalhes. Numa noite eu estava lá, a vida parecia bela, algum cara sentou ao meu lado no bar e pediu meu telefone. Na noite seguinte eu estava saindo do trabalho mais tarde e cansada do que gostaria, então comecei a sentir falta de algo que parecia estar acabado e terminei me lembrando de detalhes que sequer sabia carregar comigo, sentada em um táxi do qual não gravaria nenhum detalhe.