Só percebi que ele ficava bem de suéter caramelo onze meses depois, quando entrei num táxi e ouvi aquela música no rádio. Se você procura por um nome, acredite: eu jamais seria capaz de reproduzi-la e certamente não a encontraria em nenhum dos meus CDs, mas já havia ouvido milhares de vezes. E então, de uma hora pra outra, meu mundo era um filme antigo.
Comecei a me lembrar de coisas que pareciam pertencer à outra vida. Pequenas memórias apareciam e eram interrompidas por novas memórias ansiosas. Minha mente sempre fora indomável. A unica lembrança capaz de roubar o meu foco foi a da mulher traída que conheci na fila do banco. Sua história era triste, pois ela sempre voltava para o marido. Em meio à tapas e infidelidade, ela sempre voltava. E eu, que jamais fui capaz de compreendê-la, questionei e recebi uma resposta dolorosa: o marido ficava mais branquinho quando saía do banho.
É simplesmente assim. São os detalhes. Numa noite eu estava lá, a vida parecia bela, algum cara sentou ao meu lado no bar e pediu meu telefone. Na noite seguinte eu estava saindo do trabalho mais tarde e cansada do que gostaria, então comecei a sentir falta de algo que parecia estar acabado e terminei me lembrando de detalhes que sequer sabia carregar comigo, sentada em um táxi do qual não gravaria nenhum detalhe.
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