Citei Los Hermanos na tua geladeira. Escrevi sobre a minha indiferença calculada que implora por atenção, terminei com "deixa estar" e usei os imãs de coração que comprei naquela feira de domingo para pendurar o pedaço de papel. Foi premeditado. Queria deixar uma marca, me largar pela tua casa, te fazer acreditar em mim todas as vezes que resolvesse tomar um pouco do sorvete melado que já está há uns 45 dias no seu congelador.
Na semana seguinte, nos citei em uma redação qualquer. Nos banalizei, eu sei. Falei sobre recomeços, nosso assunto predileto. Contei, impulsivamente, que não acreditávamos neles, que cortamos a segunda-feira e o primeiro dia do ano do nosso calendário porque o nosso tempo é uma coisa só - e, segundo você, ainda há muito tempo para nós.
Tive que ler em voz alta. Acharam a maior besteira. "Pura pieguice", ouvi.
Deixei estar. Só eu sei: você é ainda mais doce que o teu sorvete abandonado.
Um comentário:
Owww baby...
Que bonito...
Mostrou isso pra ele?
Tão sutil,delicado, sensível, simples e profundo como uma canção dos Hermanos. Como é bom ter um amor assim pra viver.
Eu retorno e estou convidando os amigos para compartilhar o que talvez seja a última página do spleen-rosa-chumbo,dessa vez muito pouco rosa e muitissimo chumbo.
Traga uns lenços, uma pipoca, uma vitamina k(para cicatrizar),um estojo de primeiros socorros,um estõmago forte e um coração à prova de bala.
Bjo
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