segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Good girls don't cry

Eu costumava me machucar bastante durante a minha infância. Se considerarmos que eu era uma criança, isso é fica bem normal, mas eu ainda gosto de ressaltar que é coerente somar minha idade com o fato de que a minha cabeça vive na lua (desde sempre), e então os meus joelhos só podiam viver nas pedras.
Minha mãe, por sua vez, nunca foi de passar a mão na cabeça, e isso a rendeu várias críticas. De certo modo, eu acreditava que ela tinha uma espécie de intolerância à erros, o que me deixava bem irritada, porque, afinal, eles são humanos. Hoje, felizmente, vejo que ela fazia a coisa certa.
Me lembro dela pegando o Mertiolate, passando nos meus machucados e dizendo: "Tá doendo? É pra você aprender". E eu aprendi. Fiquei louca de raiva, mas, quando cai de bicicleta, não tentei mais andar; quando me queimei no fogão, deixei de chegar perto dele até alcançar uma idade razoável, etc. Sendo assim, fico grata. Não sinto que perdi na vida por abrir mão de certas coisas e vejo minha mãe como alguém que me protegia e curava enquanto ensinava o que era errado. Não como uma pessoa cruel.
Gostaria de ter começado a pensar assim antes, porque nem sempre pensei. Até uma certa altura, achei que havia sido negligenciada e que deveria cometer os mesmos erros várias vezes, afinal, tinha esse direito. E tenho, o que faz de mim uma completa imbecil, com o perdão da palavra. Eu sou uma daquelas pessoas que não deveriam ter escolha.
Meu maior problema sempre foi o ser humano (que derrete meu coração de manteiga). Basta um biquinho pra eu ceder. Simplesmente faço tudo por quem eu amo, desde que isso não vá me machucar fisicamente ou machucar outra pessoa que amo gravemente, e isso está bem errado.
Alguns anos atrás, no meio de uma D.R., ouvi a seguinte frase: "Cada escolha é uma renúncia". E quando eu me submeto a certas situações, acredito que estou renunciando minha dignidade, minha paz, meu orgulho e meu bom senso, porque ele é o único que já sabe o final e também sabe que eu me interesso pelos meios.
Mas hoje, só hoje, resolvi ouvir minha mãe e lembrar da frase citada na D.R. - e não foi só pra escrever sobre isso no blog, foi pra dizer que me escolhi. Renuncio à tudo que possa me fazer mal. Resolvi não persistir no erro, porque isso não vai fazer de mim uma super heroína, só vai machucar.
Então agora é assim. Tá doendo? Tá. Mas é pra eu aprender. Aprender a não me renunciar outra vez.

Um comentário:

Ricardo disse...

Bom post Danielle.

Ate colocaria algumas opniões mais nem sei escrever tão bem assim, então apenas elogio :D