terça-feira, 23 de dezembro de 2008

olhares.com


Os gritos eram mais audíveis quando eu parecia estar surda. Era como retirar as fotografias da parede na esperança de limpar o quarto. Ilusão. As marcas ainda estariam lá pra me lembrar das imagens. Continuaria sujo. E ainda que as paredes ganhassem uma nova cor, haveria alguma mudança. Não seria o mesmo. Depois da mudança não se acha o mesmo tom.

O novo tom me cega.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

olhares.com


Há sempre uma expressão para se guardar dentro de um olhar. As marcas de sempre. Os movimentos que antecedem as reações que conheço bem.
Olhar pra você é descobrir cada ponto frágil que ainda se esconde nesse peito dilatado. É conhecer cada segredo que por capricho ainda ousa se esconder.
Um único fio de cabelo teu é objeto para a minha afeição.
Você pisca e as sensações me vem à tona. É como se pelo verde das suas íris eu me ligasse ao que há dentro de você.
Observo atenta a cada um dos passos que de longe me revelam o que queres dizer. Mas não dizes porque sabes que eu cederia à uma palavra, assim como cederia ao teu olhar. Cederia à qualquer coisa vinda dos teus lindos olhos. Isso se olhassem pra mim.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Quando eu for embora

olhares.com


Quando eu for embora vão notar o quanto um quarto vazio pode lembrar a minha falta.
Vão entender porque bater as portas pode ser tão irritante.
Vão perceber que os domingos sem as minhas verdades se tornam entediantes.
Vão querer as minhas críticas que já se cansaram de ouvir.
Vão me ligar e perguntar por que eu tinha que ir.

Mas eu não volto.

Ah... quando eu for embora!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Mude

Foto por Gilad

O ano está acabando - de novo - e isso me lembra das minhas resoluções. Todo fim de ano eu fico aqui repassando o meu passado, reescrevendo o que há de vir e no ano seguinte não foi nada daquilo. Mas e com quem não é assim?

Não que eu não seja dona do meu próprio destino, mas eu sou meio inconstante. Hoje eu queria ter o mundo todo. Amanhã só uma ilha.

Esse ano eu imaginei um monte de coisas pra mim. Modifiquei outras também. E cá estou eu, de certo modo intacta. Os sonhos mudaram, as metas cresceram, o cabelo clareou, os olhos vêem do ângulo contrário, mas a casa ainda é a mesma. A cidade e amigos, esses que recriei, ainda são mais do mesmo. Perdi uns, deixei outros, ganhei o restante. Mas me diga: eles são algo do que idealizei com precisão?
Não são. Nunca são.

No fim é coisa do destino mesmo.
A gente muda o nosso próprio mundo, mas o destino nos dá o dia-a-dia imprevísível. A gente escolhe o caminho, mas o destino nos dá as opções.
Os sonhos mudam e quando olhamos pra dentro descobrimos que somos devotos daquilo que um dia ousamos desacreditar.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

olhares.com


Eu nunca tive medo do amor, nem de que alguém viesse a me amar. Tinha, porém, medo de nunca corresponder. Mesmo assim - inconsequente - me atirava. Foi o que fiz para perder todos os meus amores.
Uns perdi para a vida, outros para as minhas verdades sujas. Não há amor aqui.

(Não me levem tão a sério assim)